Com 21 anos de fundação, a instituição é referência na preservação cultural e na promoção da educação na Região Norte,
especialmente na Ilha do Marajó. Sua fundadora, a pajé Zeneida Lima, foi levada na infância pela mãe ao pajé Mestre
Mundico para tratamento e, naquele momento, foi iniciada nos saberes dos Caruanas — forças da natureza ligadas às
águas. Zeneida tornou-se pajé cabocla após um ano de preparação e hoje é reconhecida como a última do Marajó. Aos 16
anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde formou família com quatro filhos biológicos e dez adotivos, afastando-se das
tradições espirituais por quase três décadas. Motivada pela escritora Rachel de Queiroz, sua amiga e parceira no desejo de
acolher crianças em situação de vulnerabilidade na ilha, fundou a instituição com o propósito de preservar a cultura local
e garantir educação a crianças e adolescentes vítimas de violência, abuso e exploração sexual. Muitos desses jovens
enfrentam contextos familiares marcados pela pobreza, falta de escolaridade, desagregação e abuso de drogas. Além das
ações socioculturais, a entidade mantém a Escola Maria Izabel de Castro Amazonas, que oferece ensino fundamental como
parte do processo de transformação social.